Quando vemos os grandes clubes investindo milhões em jogadores ou vendendo, parcerias com grandes players, por intuição achamos que eles estão antenados sobre o que está acontecendo no mercado esportivo. Mas sinto dizer que não, não estão. Pelo menos não no todo, no contexto geral e quando digo geral, me refiro ao torcedor. Não se enganem pelo estádio lotado em jogos decisivos, pois o perfil de torcedor tende a mudar com a nova geração, chamadas geração Z (nascidos entre 1996 e 2009) e Alpha (nascidos entre 2010 e os que irão nascer até 2025).
Essas novas gerações particularmente estão cada vez mais desinteressadas em esportes e muitos fatores contribuem para esse desinteresse como; forte concorrência pela atenção, múltiplas opções de entretenimento, baixa oferta de conteúdo curto (highlights e top gols por exemplo). Essas novas gerações possuem outros interesses além do esporte, mas o esporte tem que entender esse comportamento, atualizar-se e oferecer a este público o que ele deseja. E a melhor e mais rentável forma de entregar conteúdo da forma certa, personalizável de acordo com seu torcedor e rentável para o clube, é este clube se transformar também em uma produtora de conteúdo.
Um clube daqui para frente não deve só se importar em contratar, vender ou assinar acordo com uma grande marca, se ele quer o futuro torcedor mais perto dele, ele precisa entregar o conteúdo certo e de forma original, e não basta só ter a TV do clube. Já vemos muitos exemplos na Europa, como os gigantes de Milão que possuem suas próprias produtoras e produzem todos os conteúdos possíveis do clube, seja highlights, top 10 gols de determinado atleta, jogos históricos. O Barcelona também possui o mesmo, o Olympique de Marselha, Real Madrid, entre outros. Eles entenderam que as novas gerações irão consumir o esporte de outra maneira. Eu nasci em 1994, sou da geração Y (millennial) cresci na era da internet, vi nascer o Youtube e todas as grandes redes sociais, aprendi a lidar e conhecer esse universo, já a geração Z, nasceu com o celular na mão, conteúdos e mais conteúdos na sua frente e cada vez mais rápidos e curtos, não vou entrar no mérito se faz bem ou não á saúde, mas a verdade é que este é o comportamento de consumo dessa geração, e os clubes precisam entender e entregar o que desejam senão perderão uma grande massa de sua torcida futuramente.
Um estudo recente da Two Circles sports marketing, mostrou que os highlights irão crescer mais do que os direitos de transmissão ao vivo até 2024, ou seja, está acontecendo, as novas gerações estão consumindo mais conteúdos esportivos curtos e rápidos ao invés de ficarem 90min. ou mais na frente da TV acompanhando a partida inteira.
Mas também não basta só o clube ter uma plataforma própria de streaming, transmitir seus jogos ao vivo e pronto está resolvido o problema. A Bundesliga (liga alemã de futebol) fez um estudo de comportamento da geração Z e o consumo de futebol. 46% da geração Z está interessada em destaques individuais das partidas, melhores momentos e compilado de 10min, dos jogos. E mais, 48% comprariam o serviço de streaming do seu clube se estes conteúdos estivessem disponíveis. O consumo por meio de smartphones e computadores cresceu em relação a esta geração.
Quando eu disse lá no começo que os clubes não estão a par do que está acontecendo no mercado esportivo é porque eu não vejo nenhum grande clube brasileiro se preocupar com esta nova geração que daqui a 15, 20, 30 anos, irá ditar a forma de consumo, não só de esportes, mas de entretenimento no país. Precisamos entender esta nova geração, trazê-la para mais perto do clube, entretê-la e disponibilizar o conteúdo mais eficaz, criativo e original possível a este torcedor. Precisamos olhar para o comportamento destes novos consumidores e preparar o cenário esportivo para que eles sintam-se parte da comunidade e não como passageiros que vêm e vão, precisamos reter este público e produzir o melhor conteúdo possível.
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